quarta-feira, 11 de maio de 2011

Divisão do espaço socio-ocupacional.

O autor descreve o momento em que a cidade está se desenvolvendo e neste período ocorre a abolição da escravatura. Essa nova massa de trabalhadores livres foram inseridos rapidamente no mercado de trabalho, o que na realidade não ocorreu, pois havia ainda muitos preconceitos em relação aos ex-escravos.
Uma parcela da população pobre que foi expulsa dos cortiços mudou-se para as periferias formando assim novos bairros, outra parte construiu suas moradias próximas ao local de trabalho (centro) surgindo assim as favelas. Os ricos por sua vez concentraram-se na Zona Sul e Central da cidade.

Ação da polícia no processo de modernização da Cidade.

Um dos aspectos importantes da modernidade é o papel da polícia, que assume a função de agente da ordem e legitimador do progresso. “Para uma cidade moderna, que pensa no futuro, não importa apenas a construção da ordem, mas também o bloqueio da desordem, provocada pela identidade do trabalho”.
Em 1903, a instituição policial passa por uma profunda reforma. O objetivo é transformar a polícia numa corporação moderna, cientifica dos crimes e a tipologia criminal são bases de um tratamento mais especializado no combate a desordem e na produção da ordem.
Na reportagem citada, a polícia estava representada pelas tropas do exército e da marinha que ao mesmo tempo em que estavam presentes para garantir a ordem, desfilaram pela avenida.

Processo de limpeza da Cidade.

Na passagem do século XIX para o XX, período em que várias habitações são demolidas, os governantes aproveitam para realizarem a operação de limpeza da cidade que passou a incluir também o afastamento das “classes perigosas”, da nação subterrânea, daqueles que “enfeitavam” a cidade e provocavam tumultos, entendidos como manifestações de uma “barbárie colonial”.
A tendência higienizadora desse momento retrata bem a perspicácia do mundo civilizado e estabelece o núcleo familiar como o instrumento de controle de limpeza. “Constrói-se uma ética e uma moral que reforçam a idéia de que são pobres sim, mas limpos, ou seja, podem ser incluídos na cidade”. O asseio da roupa e o cuidado no andar, associado à forma de falar um “bom português”, são expressões dessa nova moral organizadora das comunidades que querem começar “tudo direitinho”. É essa a forma usada por aqueles que assumem as funções de liderança na comunidade.
Muitos cortiços vieram abaixo, pois assim abria espaço para as novas formas que a cidade estava tomando e também uma maneira de conter a proliferação de doenças, uma vez que grandes quantidades de pessoas viviam aglomeradas em um único local. A Revolta da Vacina foi um marco deste período de higienização da cidade, quando a vacinação foi obrigatória a toda população.

Modernização da Cidade.

A passagem da cidade colonial para a moderna deve ser pensada também sobre a ótica da cultura e do embelezamento da cidade. O processo de modernização da cidade inclui sua aparência e seus habitantes. Estas modernizações iniciaram-se na passagem do século XIX para o XX, o modelo era o das capitais europeias, Paris e Viena.
Os governantes procuravam adaptar a cidade do Rio de Janeiro à modernidade, sendo o embelezamento fundamental para atração de investimentos estrangeiros e para o usufruto da burguesia. A construção de prédios, novas avenidas, o processo de industrialização, a remoção da população mais empobrecida, que vivia próxima às fábricas, para regiões mais distantes e introdução do fornecimento de água, gás e iluminação nas áreas nobres, são algumas das atitudes tomadas para melhorar a imagem da cidade.
No entanto, também é necessário mudar certos hábitos da população, como por exemplo, a higiene das habitações e das próprias pessoas, a fim de evitar a proliferação de doenças que comumente aconteciam. Outra característica importante deste momento é o investimento na cultura, que é quando surgem os teatros, as casas de chá, os restaurantes, os bancos, etc.
A construção da Av. Central é um dos grandes marcos da reforma, criava as condições de comunicação entre o centro comercial e o porto, também reformado. Além disso, integrava-se a Beira-Mar, facilitando o transcurso dos ricos e estrangeiros que moravam e se hospedavam na região da Glória, Catete e Botafogo. Entretanto, a própria realização da reforma urbana evidenciava percepções distintas da modernidade.
A reportagem “Avenida Central, ano 1905” retrata justamente esse momento, a inauguração da Av. Central e o modo como os diferentes jornais da época fizeram questão de retratar os mínimos detalhes da importância dessa nova Avenida para a população. Ressalta diversas vezes que apesar do mau tempo, a população esteve presente enfocando a importância da sua participação.